Curta
documentário conta a história de vida de Celice Silveira – pianista e
professora de piano octogenária ainda atuante na cidade, com apoio do
Fundo de Cultura
O desafio de
compreender uma vida é infinito. A biografia em curta metragem Celice –
Histórias e Canções de uma Mestra Pianista busca contar a trajetória de
uma vida a partir das conexões entre duas
esferas – a coletiva e a individual – e da articulação entre ambas. O
que se propõe apresentar
em linguagem cinematográfica é o que se consagrou como uma biografia histórica.
Financiada por recursos do
Fundo de Cultura do Estado da Bahia, através de edital Culturas Populares coordenado pelo CCPI/SecultBA,
a obra será lançada na Sala Walter da Silveira, na Biblioteca Central dos Barris, no
sábado (20),
às 17h.
Salvador do século XX -
O
roteiro aborda não somente aspectos da grande história do estado e do
país entre os anos 1930 e 1980, mas também os desafios e estratégias de
uma família de cor no pós-abolição
na Bahia, elementos do cotidiano de Salvador, questões sobre o ensino
de música na cidade a partir da criação do Instituto de Música da Bahia,
a vida da classe média operária após a descoberta do petróleo no
Recôncavo Baiano, e a musicalidade e poesia do bairro
de Itapuã, tudo isso a partir da biografia de Celice Silveira, 87 anos,
pianista desde os 6 anos e professora de piano desde os 20.
Nascida
em 1930 no centro antigo de Salvador, poucas décadas após a abolição da
escravatura no Brasil, em uma Bahia republicana ainda com traços
imperiais, filha de uma família negra
e próspera, Celice estudou piano desde a infância e foi aluna do
Instituto de Música da Bahia, a segunda instituição oficial de ensino de
música no Brasil. A sua trajetória como pianista e professora de música
se confunde com a história de Salvador do século
XX.
Em tom
narrativo, a trama é contada em primeira pessoa pela filha da pianista, a
diretora e historiadora Wayra Silveira, em 5 mini-capítulos, e a
cronologia dos fatos está colocada a serviço das
questões que perpassam a obra: Como uma família
negro-mestiça de Salvador do início do século XX produziu uma pianista?
De que forma o trabalho desconhecido de Celice popularizou o piano em
bairros desta cidade?
Os anônimos da história -
Esta
biografia não é apenas a história de vida de uma musicista
soteropolitana octogenária, mas um olhar para uma cidade e uma época, a
personagem principal representando uma espécie de
receptáculo de pensamentos e movimentos que a narrativa de sua vida
torna mais sensíveis.
Assim como a História Cultural vem se preocupando com os anônimos da história, com o
popular, com os de baixo, neste curta documentário os
desconhecidos surgem como os protagonistas. Parece que quanto menos o
personagem se situa entre os grandes nomes da história, mais rica pode
ser a narrativa da sua biografia, no exercício para
identificar a figura no seu meio. A protagonista desta obra tem um
trabalho silencioso e persistente de quase 70 anos no ensino de música
na cidade do Salvador. Este filme conta esta micro-história, única e ao
mesmo tempo representativa da coletividade.
As fontes desta história -
O filme não é a vida, é um retrato da vida. Não pretende reduzir a vida da biografada a um conjunto de fatos.
Celice – Histórias e Canções de uma Mestra Pianista é
um relato interpretativo da historiadora Wayra Silveira, estreante como
diretora de cine documentários, realizado a partir de fontes orais,
bibliográficas e documentais,
do acervo familiar e de bibliotecas e arquivos públicos.
As
fontes orais foram fundamentais para a produção deste trabalho
audiovisual. Nas memórias registradas nas entrevistas realizadas com
familiares, amigos, colegas, ex-alunos, autores,
músicos, as emoções foram incluídas não só como subjetividades
bem-vindas, mais como a maior riqueza desta metodologia.
Foi
realizada uma pesquisa sobre fotografias da cidade do Salvador das
décadas abordadas pelo filme, 1930 a 1980, e desta maneira o curta
documentário
Celice – Histórias e Canções de uma Mestra Pianista
contribuem para a divulgação da iconografia histórica da cidade da Bahia. O filme reproduz ainda trechos
de filmes de Alexandre Robatto e Rex Schindler que retratam a cidade.
O
filme teve a primeira inspiração na metodologia de Registro de
Histórias de Vida do Museu da Pessoa, um museu virtual que reúne
milhares de memórias de brasileiras e brasileiros comuns,
e que valoriza cada trajetória de vida como patrimônio da humanidade e como fonte de conhecimento. Conta ainda com o apoio da DIMAS/FUNCEB e do IRDEB.
Fundo de Cultura do Estado da Bahia (FCBA)
– Criado em 2005 para incentivar e estimular as produções artístico-culturais baianas, o Fundo de Cultura é gerido pelas Secretarias da Cultura e da Fazenda. O mecanismo
custeia, total ou parcialmente, projetos estritamente
culturais de
iniciativa de pessoas físicas ou jurídicas de direito público ou
privado. Os projetos financiados pelo Fundo de Cultura são,
preferencialmente, aqueles que apesar da importância do seu
significado, sejam de baixo apelo mercadológico, o que dificulta a
obtenção de patrocínio junto à iniciativa privada. O FCBA está
estruturado em 4 (quatro) linhas de apoio, modelo de referência para
outros estados da federação: Ações
Continuadas de Instituições Culturais sem
fins lucrativos; Eventos Culturais Calendarizad os;
Mobilidade Artística e Cultural e
Editais Setoriais. Para mais informações, acesse: www.cultura.ba.gov.br
Serviço:
Lançamento do curta documentário Celice – Histórias e Canções de uma Mestra Pianista
Lançamento do curta documentário Celice – Histórias e Canções de uma Mestra Pianista
Data: 20 de janeiro de 2018
Local: Biblioteca Central dos Barris
| Sala Walter da Silveira
Horário: 17h
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