11/05/2012

Realidade e fantasia se misturam em meio a uma linguagem saborosamente baiana


A peça inédita de Sônia Robatto entra em cartaz no dia 26 de maio.

A vida de uma família da decadente aristocracia baiana é o tema central da peça inédita da escritora baiana Sônia Robatto, que contou com a colaboração de Marcio Meirelles, no texto desta montagem.

O Olho de Deus é o Avesso dos Retalhos é dirigido por Marcio Meirelles que, pela primeira vez, vai usar os dois espaços (Cabaré e Palco Principal) do Teatro Vila Velha com recursos tecnológicos de ponta que ligarão esses espaços através de sons e imagens. Os espetáculos são simultâneos e o espectador escolherá em qual das duas salas deseja assistir a peça.

A peça, que conta com o patrocínio da CHESF e Ministério da Cultura através da Lei Rouanet, estreia dia 25 de maio, somente para convidados, e sua temporada vai até o dia 1º de julho (sexta,sábado às 20hs e domingo às 18h).

A ação central do espetáculo é conduzida porduas senhoras muito religiosas, que estão num mundo fantasioso. O irmão João, companheiro de memórias delas, é um senhor que esconde uma forte preocupação social. A realidade é apresentada no confronto dos personagens Calu, uma mulher maduraque toma conta de tudo e de todos, e Maria, mulher jovem, politicamente revoltada. A personagem Filú representa os outros, a sociedade, os vizinhos, o disse-me-disse.


Todos os personagens, com exceção de Maria, esperam a volta de Riquião, um jovem da família que desapareceu, misteriosamente, há muitos anos. A família coloca em Riquião a resolução detodos os problemas dos parentes, da cidade e do mundo. “Essa peça tem me acompanhado ao longo da vida, escrevia e parava. As pessoas assistirão exatamente isso: minhas memórias e meu olhar sobre a Bahia”, explicou a autora Sônia Robatto.

Sônia Robatto – Sônia sempre afirma que é “tombada pelo Patrimônio Histórico de Salvador” com seus 56 anos de experiência teatral. Presidente da Sociedade Teatro dos Novos Ltda., Sonia Robatto nasceu em Salvador em março de 1938. É escritora e atriz. De 1956 a 1959 cursou a Escola de Teatro da Universidade da Bahia, fazendo parte da sua primeira turma de alunos e da Barca (Companhia profissional da Escola)participando de diversas montagens.

No fim de 1959 uma dissidência com o diretor da Escola leva um grupo de alunos, do qual fazia parte, a deixar a Escola e criar a primeira companhia profissional de Teatro da Bahia, o Teatro dos Novos. Sendo a cidade do Salvador, na época, carente de salas de teatro, o grupo se apresenta em praças públicas, ruas, claustros de conventos, cidades periféricas, cidades do interior. Em seguida começa uma grande campanha popular envolvendo o povo, o governo e os artistas para a construção do Teatro Vila Velha (Teatro dos Novos). Em 1964 o teatro é inaugurado com a peça “Eles não usam bleque-tai” de Gianfrancesco Guarnieri. No papel de Maria, Sonia Robatto.

Em l969, Sônia cria a Revista Recreio para a Editora Abril, considerada um marco importante dentro da literatura infantil brasileira. Contratada pela Abril, passa a dirigir a revista, durante dois anos. Em seguida trabalha para a Editora Três, como Diretora de Redação, para a Editora Bloch e para a Editora Saraiva. Em 1980,funda a Editora Estúdio Sonia Robatto, em São Paulo, passando a prestar serviços editoriais para as grandes editoras do país: Editora Globo, Editora Abril, Editora Bloch, Editora SENAC SP entre outras, produzindo livros, revistas, fascículos e folhetos. Durante duas décadas, dedicou-se à literatura infantil, trabalhando com editoras brasileiras e publicando mais de 400 histórias infantis, em livros e fascículos.

Em 2001, seu livro, “Pé de guerra -memórias de uma menina na guerra da Bahia”, foi adaptado para o teatro e encenado por Marcio Meirelles, no Teatro Vila Velha, recebendo o Premio Copene para o “Melhor Espetáculo”. Sonia foi protagonista da peça ao lado de 22 atores sendo 13 crianças.

Atualmente reside em Salvador, participando das encenações da Companhia Teatro dos Novos e da criação da dramaturgia do Teatro Vila Velha. Em 2005 ganhou o Prêmio Miriam Muniz para montagem de uma peça infantil, A Ciranda do Medo.

Com 53 anos de carreira artística, a atriz, escritora e dramaturga, Sônia Robatto apresenta seu mais novo texto este mês, no Teatro Vila Velha, “O olho de Deus- O Avesso dos Retalhos”, o qual se junta a textos da autora já encenados como: “ Auto do Nascimento” (1959), “Péde Guerra (2000), também dirigido por Marcio Meirelles, e “A Ciranda do Medo”(2007). Em “ Pé de Guerra”, Sonia aborda os horrores da Segunda Guerra Mundial a partir do ponto de vista de Camila, uma menina de sete anos. A montagem ganhou o prêmio Copene Cultura e Arte de Melhor espetáculo em 2001.

Marcio Meirelles – Completando em 2012 40 anos de carreira, o diretor teatral, cenógrafo e figurinista, Marcio Meirelles foi fundador do grupo Avelãz y Avestruz (l976-1989), e criador/diretor do espaço cultural A Fábrica (1982). Durante os anos de 85 e 86, assumiu a chefia dos núcleos de cenografia e figurino e de direção e elenco da TV Educativa da Bahia. Paralelamente criou o Projeto Teatro para a Fundação Gregório de Mattos (1986). Foi diretor de um dos maiores centros culturais do Brasil - o Teatro Castro Alves, em Salvador/Ba - no período de 87 a 91.

Ganhador de vários prêmios como diretor, cenógrafo e figurinista, Marcio fez estágio na Circle Repertory Company (Nova York) e participou do Coloquio Brasil Alemanha de Teatro como palestrante a convite do Instituto Goethe. Também co-dirigiu O Sonho de Uma Noite de Verão, com Werner Herzog e dirigiu Zumbi em Londres com o Black Theatre Co-op, como parte do Lift (London International Theatre of London).

Em 1990 criou, com Chica Carelli, o Bando de Teatro Olodum, que dirige até hoje. Em 1994, coordenou o projeto de reforma e revitalização do Teatro Vila Velha, do qual foi seu diretor artístico até 1998 e, até 2006, na nova forma institucional que propôs, fez parte do colegiado gestor do teatro.

Marcio foi condecorado como Cavaleiro da Ordem do Mérito da Bahia em 1990, homenageado pelo Troféu Copene de Teatro pelo conjunto de seu trabalho em 1999 e indicado para o Prêmio Shell, no Rio, pela direção de Candaces – a reconstrução do Fogo, em 2003. Foi Secretário de Cultura do Estado da Bahia entre 2007 e 2010 e em março de 2011 reassumiu a direção do Teatro Vila Velha.

Serviço

Oquê: O Olho de Deus é o Avesso dos Retalhos

Onde: Teatro Vila Velha

Quando: de 25/05 a 01/07 – sextas e sábados às 20h e domingos às 18h

Quanto: R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia)

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